quinta-feira, agosto 03, 2006 |
Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo...
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Estou contando coisinhas... As pessoas querem que eu faça uma média, mas... caralho!, eu não virei uma pessoa das exatas? Como eu posso tirar uma média de 250 papeis por 250 outros que eu contei há algum tempo atrás? Irei acumular erros... Não que isso seja o fim do mundo, pois errare humanum est. E nada mais divino que o perdão, por isso que Deus nos deu esse Dom. Um presente... Se eu não sou rancorosa? Claro que sou! Experimenta não me pedir desculpas, não assumir um erro que nunca me esquecerei da ferida que abriu em mim, mas se houver arrependimento, aí são outros 500. Por quê estou falando isso? Porque quero contar aqueles papeizinhos e não colocar um bloco do lado do outro e "achar" que tá tudo ótimo! Isso tá me dando coceira, brotueja!!!!!
Ontem eu me vi em um lugar que não vou há muitos e muitos anos... Fechei os olhos e andei perto do curral, pisei na terra sêca, senti a poeira entrar pelos dedos e furei meu pé porque estava destraída debaixo dos pés de algaroba. Sentei perto de uma aroeira e me perguntei por que elas são tão imponentes, olhei uma barriguda de longe sonhei em um dia estar assim... Fui ao chiqueiro, dar comida aos porquinhos e procurei um cor-de-rosa. Não encontrei e segui caminho pra o lugar no qual sonho quase todas as noites...
Um carreirinho, ora entre o milharal, ora entre o mar branco de algodão. Outra aroeira. Meu avô gosta realmente delas... E eu aprendi com ele, a gostar, admirar, a preservar. Duas codornas passaram correndo em minha frente, talvez elas tivessem visto uma cobra, talvez quizessem acasalar, ou, na mais malandra das hipóteses, a menor tentou, frustradamente, roubar o ninho da outra.
Enfim, a cerca quebrada, o barraco de madeira, que em meu sonho evoluiu como eu e também ficou velho. O abandono me trouxe lágrimas aos olhos e fechei-os novamente por alguns segundos pra tentar roubar pra mim a cena que tinha visto há mais de doze anos... Aquela hortinha de coentro, cebola e alface... Senti seus cheiros. As galinhas, cocás e perus ciscando, ouvi seu canto. O moleque de pernas "russas" correndo atrás de um frangote. O almoço do dia estava lhe fugindo como um campeão. A menina com pequenas tranças pra não embaraçar ainda mais o cabelo surgiu de dentro do barraco com a bonequinha loira de espiga de milho e ao me ver sorriu...
"Moça!" ouvi-a dizer e caminhei em sua direção. Eu ia, enfim, brincar! Mas entrei no barraco vazio, sem porta, com algumas panelas amassadas no chão e vi que o tempo tinha passado, aquela menina era hoje, provavelmente uma mulher, como eu...
como eu, talvez uma mulher que não cresceu e que ainda fecha os olhos pra voltar ao lugar onde foi tão feliz.
Talvez, bem mais mulher que eu, que ando à sombra de meu passado e saboerando saudades do café da manhã ao jantar.
Às vezes, precisamos de pouco menos que um piscar de olhos pra ter a felicidade, novamente, entre os dedos, seu cheiro nos circundando e o vento, que já foi, novamente soprando os cabelos. |
A moça do cafezinho - 6:15 AM
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